Pense em alguém que você admira muito. Pode ser ator, cantor, profissional de sua área, alguém que de alguma maneira marcou ou marca sua vida e que você adoraria poder gastar algumas horas conversando, mas que está inacessível, longe do seu alcance.

Eu já tive algumas experiencias deste tipo que me fizeram dar muitas gargalhadas depois que descobri que estive ao lado de pessoas importantes e nem notei.

Uma certa vez estava em uma bienal do livro em São Paulo em um stand e de repente vi todo mundo ir saindo do local e muitos flashes de todos os lados em minha direção. Que esquisito. Quando me deparo com o presidente da república da época bem do meu lado sorrindo. Só eu e Fernando Henrique. Os flashes obviamente não eram pra mim, mas essa experiencia me rendeu muitas risadas depois. E nem tive coragem de dizer nada apenas sorri para ele. Eu e a autoridade máxima do país no mesmo metro quadrado.

Houve também na história bíblica dois homens que caminhavam por uma estrada conversando despretensiosamente sobre os últimos acontecimentos. A cidade de Jerusalém passou por aqueles dias por um rebuliço imenso por causa de um homem que dizia ser o Cristo esperado pelos judeus: o Filho de Deus. Por essa acusação de blasfêmia as autoridades da época juntamente com o povo optaram por crucificar este Homem.

A cidade ainda respirava os ares desta morte e o burburinho ainda estava em todos os lares ao redor. Seria mesmo este o Messias esperado?

Enquanto conversavam, um homem se aproxima e caminha com eles rumo a Emaús.

E a pergunta surge dos lábios do homem para os dois discípulos: Sobre o que vocês estão falando? Por que estão tão preocupados?

Com a voz embargada Cleopas responde: Onde estava estes dias? Se estava em Jerusalém como não sabe o que aconteceu? Impossível não saber sobre o fim trágico de Jesus de Nazaré.

Todos sabem. Todos viram.

E começaram a narrar para o forasteiro tudo que havia acontecido nos últimos três anos acerca de Jesus e como suas vidas foram transformadas por este homem. Ele era o Messias que esperavam e acreditavam que Ele os libertaria dos desmandes impostos por Roma naquele tempo.

Mas agora já havia passado três dias desde que ele morreu. Acabaram suas esperanças. Falaram das mulheres que foram de madrugada no sepulcro e viram os anjos. Acreditaram nas mulheres, mas onde ele estava agora?

E naquele momento o forasteiro começa a falar com ousadia sobre as escrituras e de que tudo havia acontecido exatamente como os profetas disseram.

Os homens ouviam atentamente as palavras do homem e o convidaram a ir comer com eles.

Na casa, diante da mesa o homem parte o pão, os abençoa e lhes dá o alimento.

Os olhos destes dois rapazes foram abertos e entenderam que quem caminhara por todo caminho com eles era o próprio Jesus.

Como assim caminharam com o mestre e nem notaram?

A cegueira espiritual é mais comum do que imaginamos.

Tantos homens e mulheres que caminham cegos sem nem saber para onde vão.

São tantas luzes no mundo, tantas vozes, tantas novidades tecnológicas ao nosso redor. Tanta gente expondo suas convicções, suas crenças, suas histórias.

Multidões caminhando com Cristo e nem sabem que é Ele que caminha ao lado.

Não estou falando sobre aqueles que não conhecem a Jesus e caminham para uma eternidade incerta.

Hoje minha fala está se dirigindo a você cristão.

Você que conhece a obra salvadora da cruz. Até já foi batizado nas águas e no Espirito.

Que conhece a igreja de Cristo na terra e ate frequenta alguma.

Sim você que assim como os discípulos de Emaús caminham ao lado de Cristo e nem notaram sua presença.

A promessa de Jesus era de que ele nunca nos abandonaria.

Ele cumpre suas promessas e caminha conosco todos os dias ainda que nossos olhos estejam fechados.

As preocupações da vida, os filhos distantes, uma doença, uma morte, uma dívida, um emprego. São tantas coisas que nos atrapalham de ver e ouvir o Espírito santo.

E Ele cuidadosamente todos os dias nos dá um sol maravilhoso, ou uma chuva fina no amanhecer.

É dele o brilho das flores, as nuvens no céu, e os animais que tanto amamos.

A criação nos mostra o quanto somos amados no cuidado que Deus dispensou ao fazer cada objeto de sua obra.

E tantas vezes como estes dois discípulos nos perguntamos onde está Deus no nosso sofrimento.

Tantas vezes dizemos que Deus está em silencio enquanto suas palavras só faltam gritar conosco através da sua palavra.

Aquietai-vos. Não tenham medo. Deus é nosso refúgio e fortaleza. Ele é nosso pastor. Ele cuida de nós como cuida das aves no céu.

Que Deus maravilhoso que todos os dias nos dá provas de sua majestade.

A mulher samaritana perguntou a Jesus onde deveriam adorar. A reposta dele é que ele estava à procura dos verdadeiros adoradores que o adoram em espirito e em verdade.

Adorar não é só cantar.

Adorar é lembrar em cada atitude que existe um Deus que cuida da gente e nos da uma nova oportunidade todos os dias.

Os discípulos de Emaús entenderam que podiam adorar na experiencia da mesa no partir do pão, no lar, na mesa, com sua família. Cristo se faz presente todo o tempo.

Adore Jesus com seus atos. Adore com seu testemunho. Adore cantando. Adore vivendo uma vida que glorifique a jesus.

Cristo esta do seu lado todo o tempo.

Que nossos olhos possam ser abertos e que possamos ver as maravilhas do caminhar com Jesus Cristo.

Deus quer falar conosco.

Ouça sua voz.

Hoje é o dia que se chama presente porque é isso que ele quer nos dar neste tempo.

Aceite.

Mude a direção.

Adore a tempo e fora de tempo.

Cantai ao Senhor um cântico novo.

 

Isabel Ferreira

 

 

Você já foi ao cemitério de madrugada?

Eu nunca fui. Mas imagino como é.

Há muitos anos trabalhei na Avenida Dr. Arnaldo em São Paulo em frente a um cemitério de mesmo nome muito conhecido na cidade. Em momentos de folga por muitas vezes fui para lá caminhar, pensar um pouco na vida e admirar os mausoléus que lá existem que são verdadeiras obras de arte.

Em meio aos túmulos de dia pode haver tudo menos calmaria. Pessoas andando, funerais acontecendo, funcionários trabalhando e o barulho dos carros invadem aquele local.

São tantos barulhos.

O que não deve acontecer de madrugada.

Silêncio e um local de aparente escuridão.

Nesta calmaria há 2023 anos atras 3 mulheres: Maria Madalena, Joana e Maria saíram de casa de madrugada e rumaram para um tumulo para levar aromas para um morto muito amado que havia partido dois dias antes: Jesus.

Jesus havia morrido na sexta pouco antes de se iniciar o Shabat para os judeus que é as 18 horas da sexta., sendo assim não poderiam preparar o corpo com banhos e óleos aromáticos neste dia. Por essa razão acredita-se que foi por isso que essas mulheres foram logo na madrugada do sábado para o domingo para realizar o ritual de preparo do corpo.

Corações cabisbaixos sem ainda acreditar que o mestre havia partido.

Aquele que passara estes poucos anos as ensinando sobre o amor e compaixão aos povos não estava mais ali.

Madrugada. Silêncio.

No silêncio conseguimos ouvir melhor. Não há ruídos da rua. Não há pessoas falando. Não existe uma multidão gritando ao redor. Silêncio.

Um dia na caverna Deus falou com Elias através de um sussurro suave, na brisa.

Um dia Deus falou com Moisés através da sarça ardente no alto de uma montanha.

Um dia Deus falou com Jonas na barriga de um grande peixe.

Um dia Deus falou com João num exilio numa ilha.

Deus fala nos silêncios da vida.

Deus fala na calmaria.

Aquietai-vos.

Para essas três mulheres dois anjos perguntaram por que elas procuravam entre os mortos aquele que vive. Jesus não estava mais no tumulo frio. Ele ressuscitara.

O Deus que se comunica também no silêncio.

Aquieta-vos mulheres. Deus está no comando da história.

Aquietai-vos. Deus não se esqueceu de você.

A multidão que grita crucifica não está mais ali.

A multidão que por tantas vezes Jesus caminhou entre ela e fez tantas curas.

A voz do povo não é a voz de Deus.

A palavra é a voz de Deus na terra.

A palavra viva. O Espírito que intercede por nós com gemidos inexprimíveis.

Aquietai-vos.

Deixe calar todas as vozes que tentam confundir a voz do Pai falando.

Neste dia faça calar todos os seus medos e como essas mulheres busque Jesus.

Ele não está morto. Ele vive. Ele quer falar com você.

Somente aquiete seu coração para ouvi-lo.

Deus vai falar com você.

 

Isabel Ferreira

Grávida numa fonte no meio do deserto.

Que cena mais estranha para um anjo se deparar.

Agar agiu errado ao desprezar Sara quando estava com seu pequeno a crescer em seu ventre. A ideia era de sua senhora, mas parece que o tiro saiu pela culatra.

Ela fugiu e no deserto tantas coisas na cabeça desta mulher.

Para onde iria? O que iria fazer?

Este foi o pensamento do anjo do Senhor também, tanto que foi essa pergunta que ele fez: de onde vem e para onde vai?

A primeira resposta ela tinha na ponta da língua, estava fugindo de sua senhora Saray. Quanto a segunda não houve resposta alguma. Um vácuo.

Não havia para onde ir. Sua primeira fuga havia sido para um poço. Havia água no meio deste deserto.

Era um local que ela mesmo escolhera para ir ,ainda que não houvesse um plano para continuar a sua fuga. Mas neste momento esse era seu plano. Simplesmente fugir. Uma nova história que ela queria escrever.

Mas não era isso que Deus queria. O Anjo mandou Agar retornar, e ainda pediu que ela fosse submissa a sua senhora.

Eu teria brigado um pouco (eu acho). Depois de tudo que passou retornar e ainda ser submissa?

Voltar para o local onde sabia que não seria fácil a sua vida a partir dali.

Mas ela voltou e com sua volta recebeu algumas promessas do Anjo.

Promessas de uma grande descendência, e a promessas de um filho que seria como jumento selvagem do deserto.

 Ele seria um guerreiro, mas seria hostil. Você gostaria de saber que seu filho seria assim com todos esses detalhes? Ou gostaria de ficar na ignorância?

Talvez por isso nem tudo Deus nos revela.

 Nem tudo estamos preparados para saber.

 Deus é um grande mistério.

Deixe que ele mostre para nós tudo no tempo certo.

Agar voltou dando a Deus o nome: El roí - O Deus que me vê.

Um questionamento no coração: teria ela visto aquele que a via?

Que pergunta mais recorrente nos nossos dias... quantas vezes me questiono quanto a isso. Tenho visto o Deus que me vê? Tenho ouvido o Deus que me ouve?

Que vontade de fugir como Agar fez e ir para uma fonte mesmo que seja no deserto.

Mesmo sabendo que no ventre estava gerando promessas do Pai.

Que tempo mais difícil. Um coração apertado, angustiado.

E você? Está gerando alguma promessa? Está querendo fugir para um poço no deserto?

Agar voltou.

Seu filho nasceu e suas lutas não terminaram, apesar de ter tido um tempo de refrigério por 14 anos.

Agora o menino hostil estava rindo de Isaque e a peregrinação dela iria recomeçar.

Mais lutas e mais tristezas.

Dessa vez ela não fugiu e sim foi expulsa da sua casa. Quem a expulsou? Foi Sara? Foi Abraão.

Não.

Foi orientação do próprio Deus. O Deus que mandou ela voltar é o mesmo Deus que orientou Abraão a expulsá-la.

Como assim?.

Agora ela se encontrava no deserto com pouca comida e pouca água.

Mas a diferença é que agora ela não estava só.

Antes era só ela e o menino dentro do ventre. Hoje Ismael estava com ela.

A água agora acabou. Sede. Não havia fonte neste deserto para saciá-los, só o sol escaldante sobre suas cabeças.

Um arbusto no caminho onde ela deixou seu filho.

Um coração angustiado que de longe lastimava esperando a morte do menino. Tanta coisa passando pela sua mente. Que final. Que história triste.

Um menino descendente de um homem cheio de posses, agora esperando a morte debaixo de um arbusto no meio do deserto.

 Que mãe quer ver essa cena?

Seu filho longe, chorando.

 Deus ouviu os gritos do menino.

 Deus ouviu os lamentos desta mãe.

 Deus viu a aflição do coração de Agar.

Deus ouve o seu lamento.

Deus ouve a aflição do seu coração.

O Deus que a levou para o deserto continuava sendo o Deus que a tinha visto naquela fonte, quando ainda estava grávida.

A diferença é que foi ele já que a enviou para lá.

O mesmo Deus continuava ouvindo e vendo Agar e Ismael!

Como é bom saber que ele continua me ouvindo, mesmo nos piores dias, nos piores momentos, nos piores desertos, nas piores lutas.

O arbusto pode ser uma internação de alguém que amamos, nossos filhos longe da casa do pai, uma doença sem cura, as drogas, feridas no corpo e na alma.

São tantos os arbustos.

Tantas vezes nossos filhos choram longe da nossa presença e nosso coração de mãe ficam distantes sem poder fazer nada.

E nesta hora vem o El roí: o Deus que  vê Agar ,enche esta mulher de coragem ,e manda que ela  segure Ismael pela mão e o levante.

É este seu tempo minha amiga.

Esteja atenta a voz do mestre.

Aquele que te vê é o mesmo que viu Agar. Ele vai te mandar segurar a mão do seu Ismael e levantá-lo.

Creia!

Está chegando este dia.

Deus vai abrir os seus olhos e você vai enxergar uma fonte de boas águas.

Águas que curam o corpo e a alma.

Haverá restauração.

Quem beber desta água jamais terá sede.

 Ouse acreditar.

Os dias de choro de Agar tiveram um fim.

Ela viu seu filho crescer, se casar e ser pai de uma grande nação.

Vai valer a pena .

Se Deus te enviou para o deserto, busque saber o que ele quer te ensinar nesse tempo.

Leia a palavra.

Ore.

Se consagre.

Vai valer a pena.

Deus está te vendo.

Aleluia.

 

Isabel Ferreira